Trabalho híbrido e oito abraços por dia: porque sinto gratidão pelas novas...

Perspetiva
Fevereiro 1, 2023
10 minutos de leitura

Trabalho híbrido e oito abraços por dia: porque estou grata pelas novas formas de trabalhar na Mars

Por Margaret Mitchell, Vice-presidente global de Pessoas e Organização, Mars Incorporated 

Agradeço os pequenos momentos que me levam a fazer uma pausa. Talvez seja a antecipação do que 2023 trará, acenando com esperança e novas possibilidades. Talvez tenha mudado para sempre devido aos acontecimentos mundiais dos últimos anos e me esteja a tentar lembrar do que importa. Seja qual for a razão, tive recentemente um desses momentos depois de um abraço feroz e fantástico do meu filho de 12 anos, antes dele ter entrado no autocarro para o seu último dia de escola antes das férias.

Antes de a pandemia virar o mundo de cabeça para baixo, vivíamos em Singapura. Lembro-me de, uma vez, quando voltei para casa do escritório, o meu filho mais novo (agora com 12 anos) esperava-me ansiosamente para me dizer o que tinha aprendido sobre a ciência dos abraços. Sim, abraços. Ele disse que oito abraços por dia era o número mágico (segundo o professor) e apresentou factos sobre os muitos benefícios para a saúde desses oito abraços, desde a redução da pressão arterial até ao aumento da serotonina. Com esta notícia, recebi um abraço grande, apertado e mais longo do que o normal. Ri-me do entusiasmo dele, até que me largou, e vi uma expressão no seu rosto que dizia algo bem diferente.

"O que se passa?" Perguntei. Não tive resposta.

A minha mente abordou todos os suspeitos do costume: ser arreliado na escola, ter problemas com um professor, uma discussão com um dos irmãos…

"Podes contar-me tudo", disse eu.

Ele tinha claramente de arranjar coragem para me contar, por isso esperei pacientemente, pronta para fazer de super-mãe e ajudá-lo a resolver o problema quando estivesse pronto.

Muito calmamente, as palavras surgiram. "Acho que não tens tempo suficiente para oito abraços por dia", disse ele.

Mesmo em cheio. Com dias longos no escritório e muitas viagens, o meu filho de oito anos estava a sentir os efeitos e agora preocupava-se com o facto de eu não ter tempo suficiente para oito abraços por dia, independentemente do que ele achava que isso significaria para o meu bem-estar. Se o meu filho achava que eu não conseguiria arranjar alguns minutos todos os dias para alguns abraços extra, o que estava eu a fazer? Enquanto mãe trabalhadora, sei que há sempre sacrifícios. Quando um filho percebe esses sacrifícios e se preocupa connosco, parece que há um desequilíbrio.  

Margaret Mitchell da Mars, Incorporated e o seu filho, Sawyer
Eu e o meu abraçador (Sawyer)

Passando à frente para a maior experiência global de práticas de trabalho remoto em que, devido à pandemia COVID-19, milhões de trabalhadores de escritório viram-se obrigados a trabalhar a partir de casa. Os incríveis Associados da Mars em todos os nossos locais de trabalho, desde hospitais veterinários a fábricas e escritórios, souberam trabalhar com segurança e manter o nosso negócio a funcionar. Para aqueles que trabalhavam nos nossos escritórios, isso significava trabalho totalmente remoto durante o auge da pandemia, sem viagens, e usar a tecnologia para fazer o nosso trabalho. Foi uma demonstração de agilidade e resiliência humana incrível. Apesar de gerir uma equipa amplamente remota em toda a nossa região Ásia-Pacífico, ainda sentia falta de contacto com os colegas durante um café e de atacar desafios complexos de negócios numa sala de conferências com quadros brancos e post-its nas paredes (não é a mesma coisa quando estamos sozinhos em casa). No entanto, ao mesmo tempo que o resto do mundo, descobri que também havia vantagens no trabalho remoto.

De um dia para o outro, passei a ter tempo para oito abraços por dia. Sem a necessidade de fazer viagens de trabalho e com os meus três filhos a aprender em casa, passamos mais tempo do que nunca juntos. No meio do caos do novo mundo virtual, apreciei os momentos de ligação durante o dia, a hora consistente do jantar em família, o humor das coisas ditas quando não sabia que a aula virtual podia ouvir-me (!) e até a nossa coexistência na mesa da sala de jantar enquanto tratávamos das "sobras" do dia. Esse era o modo de vida na nossa pequena bolha familiar. Como toda a gente, não tinha a certeza de como seria a vida pós-pandemia ou quando o próximo capítulo começaria. Tinha a certeza de que não queria deixar de me sentir mais ligada à minha família. Tinha a certeza de que não queria perder a disponibilidade para oito abraços todos os dias.

No verão de 2021, a Mars partilhou que o futuro dos Associados de escritório seria híbrido(Abre uma nova janela). Reconhecemos a nossa oportunidade de reimaginar onde, quando e como trabalhamos, de acordo com os nossos Cinco Princípios e o nosso Propósito. Esperávamos que esta mudança oferecesse flexibilidade que beneficiasse mutuamente as nossas pessoas e empresas. Também decidimos intencionalmente partilhar uma orientação global fundamentada com os nossos Associados, incentivando-os a gastar cerca de metade do tempo a relacionar-se pessoalmente com as equipas e os colegas quando fosse seguro fazê-lo.

Voltei ao escritório pela primeira vez em junho de 2021. Tendo assumido uma nova função durante a pandemia, obtive um novo cargo e escritório na nossa sede global em McLean, Virgínia. Houve aspetos desta flexibilidade híbrida que me agradaram: abraçar uma mudança de cenário; voltar a relacionar-me com pessoas, tanto conhecidas como novas; sentir o valor de reunir pessoalmente a minha equipa distribuída; tirar proveito das ligações virtuais quando fazia mais sentido; apreciar a escolha de adaptar onde e quando trabalhava nas tarefas em curso. Depois, é claro, houve também novos desafios e tensões: a adaptação da tecnologia às nossas novas necessidades de reuniões híbridas; a forma como as novas tensões e picos da pandemia afetavam o ajuntamento de pessoas; o desenvolvimento constante das nossas competências para tornar funcional o trabalho "assíncrono"; e o equilíbrio entre as nossas preferências de trabalho pessoais e as necessidades dos nossos clientes e da equipa coletiva. Tem sido um processo e peras.

A ciência do trabalho flexível está claramente a emergir e, até agora, a evidência mostra que o trabalho híbrido é bom para empresas e pessoas, o que não é surpreendente. Como qualquer outra organização neste planeta, estamos a descobrir como transformar a nossa visão de trabalho flexível numa experiência integrada e inclusiva em locais de trabalho físicos e digitais para Associados. Estamos a aprender dia após dia, experiência a experiência, para perceber o que esta próxima evolução trará. Penso que vale a pena o esforço se nos ajudar a construir um mundo de trabalho mais significativo e equilibrado, onde podemos alcançar grandes feitos em conjunto.

É por isso que agradeço à Mars e a todos os empregadores do mundo que estão a envidar esforços para aprender e delinear o nosso caminho em frente neste "próximo normal" para o benefício de todos. O que quer que seja que usem para medir o sucesso mútuo (eu incluo abraços por dia), contribui para melhores humanos, melhores empresas e, na minha opinião, um mundo melhor.